
O Frio do Mercado e o Descongelamento Econômico: A China em Setembro
Ah, setembro! Mês das folhas caindo no hemisfério norte e das economias… bom, esfriando no hemisfério oriental. Isso mesmo, pessoal, a China, o gigante asiático, não está apenas resfriando suas temperaturas à medida que o outono chega, mas também sua economia está sentindo aquele “vento gelado” com a inflação ao consumidor caindo inesperadamente no mês. Parece que até mesmo as planilhas financeiras estão com dificuldade de manter o ritmo!
Em setembro, a inflação ao consumidor da China caiu para um modestíssimo 0,4% em comparação ao mesmo período do ano anterior. Sim, eu sei que você deve estar pensando: “Mas 0,4% é quase nada!” E você está certo. Se a inflação fosse uma festa, a da China seria aquela festa que você chega e encontra só três pessoas no sofá assistindo um filme. Onde estão todos? Talvez no setor de alimentos, que até viu uma subidinha de preços, com uma alta de 3,3% – aparentemente, enquanto o resto do mercado esfriava, a comida estava fazendo a “festa da alta”.
Por outro lado, os preços ao produtor (IPP) foram os que mais sentiram o inverno econômico. Em setembro, a deflação dos preços ao produtor caiu 2,8%, uma queda ainda mais brusca que a esperada. Isso fez a economia parecer aquela estação de esqui que todos esperavam curtir, mas acabou fechada por falta de neve (ou melhor, de demanda). Esse é o ritmo mais rápido de queda em seis meses, mostrando que a montanha russa de preços do mercado chinês está com algumas curvas bem radicais.
Pequim, Temos Um Problema
É claro que isso acendeu o alarme em Pequim. Quando o mercado começa a perder calor dessa forma, os economistas se preparam para o que podemos chamar de “Operação Esquenta a Economia”. O Ministro das Finanças, Lan Foan, já deixou claro que medidas anticíclicas estão no forno. Mas até agora, tudo que eles prometeram foi… bem, que vão fazer alguma coisa. Parece aquele amigo que diz que está preparando uma surpresa, mas nunca te dá pistas do que é, nem quando chega.
Os investidores estão ansiosos, esperando que Pequim tire da manga um coelho econômico para combater as pressões deflacionárias que estão congelando a economia. Afinal, ninguém quer uma economia da China se arrastando – especialmente não quando o objetivo é um crescimento econômico de 5% para o ano. E, francamente, com o que temos visto até agora, parece que alcançar essa meta vai exigir um pouco mais do que alguns truques mágicos; talvez seja hora de apelar para o plano “esquenta tudo”.
Medidas Urgentes ou Soluções Temporárias?
Nos últimos meses, Pequim já estava mexendo os pauzinhos para ver se conseguia trazer um pouco de calor ao mercado. Em setembro, o Banco Central lançou as medidas de suporte monetário mais agressivas desde a pandemia. E o setor imobiliário, que estava se sentindo abandonado na festa, finalmente recebeu uma ajudinha com cortes nas taxas de hipoteca. Mesmo assim, alguns analistas dizem que tudo isso é como dar um cachecol para alguém num inverno de 20 graus negativos – ajuda, mas não resolve o problema inteiro. Eles acreditam que medidas mais substanciais precisam ser tomadas logo, ou a China corre o risco de continuar “congelada” no próximo ano também.
Zhiwei Zhang, economista-chefe da Pinpoint Asset Management, lançou uma verdadeira previsão do tempo econômico: “Pressões deflacionárias estão persistentes por causa da fraca demanda doméstica”. Ele sugere que as medidas fiscais planejadas podem ajudar, mas para realmente sair do buraco gelado, é necessário mais do que só um aumento nos gastos. Ou seja, é hora de Pequim colocar o plano A, B e C em ação – e rápido.
Onde Está o Calor?
Agora, se formos olhar mais de perto, a maior parte desse resfriamento econômico vem de um simples fato: os consumidores estão segurando a carteira. O investimento está tímido, os preços estão caindo, e, como resultado, as empresas estão sendo forçadas a cortar salários ou, em casos mais dramáticos, demitir funcionários. Tudo isso só faz com que a confiança do consumidor, que já não estava nas alturas, vá parar no porão.
E tem mais: mesmo com os preços de alimentos subindo, outras áreas, como a energia e o turismo, estão despencando. Imagina só: em setembro, os preços das passagens aéreas e estadias em hotéis deram um mergulho tão grande que nem parece que a gente está falando de um país que, há não muito tempo, estava vendo um boom de viagens internas. Parece que o turismo deu um tchauzinho para os preços altos e resolveu tirar férias – mas dessa vez, para o lado mais baixo da tabela.
Uma Caminhada no Gelo Fino
Além de todos esses desafios, a inflação básica, que exclui os preços de alimentos e combustíveis, também está de vento em popa… ou melhor, de vento gelado. Ela caiu para apenas 0,1% em setembro, abaixo dos 0,3% de agosto, e tem se mantido nessa faixa gélida por 20 meses consecutivos. Se a inflação fosse uma dança, a China estaria no meio de uma valsa lenta e constante, enquanto todo o resto do mundo está dançando freneticamente ao som de um remix.
Bruce Pang, economista-chefe da JLL, resumiu bem a situação: “A inflação básica está nos dizendo que não há muito impulso nos preços, o que significa que precisamos estimular o consumo”. Em outras palavras, o mercado está precisando de um empurrãozinho. Afinal, ninguém quer ver a economia da China congelada no tempo enquanto outros mercados estão esquentando – até porque, quando isso acontece, as consequências podem ser bem mais frias do que parece à primeira vista.
Esperanças Finais
Então, qual o próximo passo? Pequim está prometendo mais detalhes nas próximas semanas, com os investidores e analistas aguardando ansiosamente. O que vai sair dessa “caixinha de surpresas” do governo chinês? Ninguém sabe ao certo, mas uma coisa é clara: ação decisiva é necessária. Caso contrário, Pequim pode acabar patinando no gelo fino da deflação, e isso não é o tipo de espetáculo que alguém quer ver, especialmente quando a expectativa é de crescimento.
Por enquanto, vamos acompanhar e ver como Pequim vai lidar com esse “frio na barriga” que a economia está sentindo. Se as medidas certas forem tomadas a tempo, quem sabe ainda veremos um degelo econômico?
Assessor de Investimento Especialista em Renda Variável, Derivativos e Commodities.